Antes que você tenha um faniquito pelo título do artigo, ressalto que recebi essa mensagem, assim mesmo, de uma jovem interessada em estagiar em uma das empresas parceiras do Instituto Via de Acesso.
Eis a resposta dada: “se você estudante poderá participar dos encaminhamentos para estágio. Recomendamos, porém, que participe do programa de Capacitação do Via de Acesso, realizando seus cursos e workshops, em especial, o de comunicação escrita”.
Em dada ocasião, examinei um relatório de estágio de um estudante de Direito. Informava a sua participação na análise de um documento de um caso assumido pela Banca. Lá pelas tantas, o estagiário escreve a palavra “cequiço”. Não conhecia a palavra. Li de novo. Outra vez. Finalmente, entendi o seu sentido naquelas mal traçadas linhas. Era “sexo” o que ele queria escrever. Pensei: se ele faz como escreve, está perdido!
Infelizmente, esses exemplos são casos freqüentes nos meios educacional e empresarial do Brasil. Trata-se de uma realidade no cotidiano das escolas e das corporações que precisa ser combatida com empenho. Na era da comunicação em tempo real, escrever errado ou sem sentido representa negociação mal feita, perda de contrato e de emprego.
É lastimável o modo como algumas escolas tratam o ensino do idioma português. Normalmente, utiliza-se de quadro negro e giz e insistem em metodologias desconectadas das mudanças ocorridas e das realidades externas, que exigem dos profissionais competências ajustadas ao mundo globalizado, muito rápido em realizações e comunicação. Exageram, estabelecendo como prioritário o ensino das “importantes” regras de uso das orações coordenadas sindéticas e assindéticas e não informam a importância da competência comunicação escrita para o mercado de trabalho. É forçoso passar aos alunos, claramente, a aplicabilidade do que estão aprendendo. No Ensino Superior o problema é muito mais grave, pois é considerado o que se sabe ser inverossímil, que os estudantes já vêm preparados do Ensino Médio.
Nas empresas, a situação é agora olhada com mais atenção. Com a Internet, a comunicação empresarial foi democratizada e o colaborador tem a condição de “falar” com o mundo pelo seu PC. Perceberam que devem atentar à qualidade das mensagens enviadas, pois tem implicação com os resultados obtidos.
Uma multinacional holandesa dispensou um de seus seniores que enviou um e-mail a um grande cliente, informando que “a entrega do pedido poderia atrazar, pois o atrazo a nível de matéria prima era eminente”! A dispensa dele não atrasou um minuto. Tornou-se iminente após a mensagem chegar ao seu supervisor.
Essa realidade tem levado empresas a considerarem essencial a condição do seu profissional em comunicar-se no nosso idioma, tanto quanto é entendido importante o inglês como diferencial competitivo. Afinal, ainda que trabalhe em multinacionais, a maioria irá desempenhar suas funções em solo brasileiro. Assim, mais empresas aplicam testes de redação, eliminatórios em seus processos seletivos, e realizam cursos de português para os seus funcionários.
O professor Odilon Leme, autor de dois livros sobre gramática e criador da vinheta “SOS da Língua Portuguesa” veiculada na Rádio Jovem Pan, apresenta um caso interessante sobre como empresas estão reagindo à prejudicial ocorrência da má comunicação. Certo dia foi convidado a realizar um curso de comunicação escrita a um grupo de funcionários de uma empresa. Tradicionalmente, realizava treinamentos em inglês aos funcionários. Era a primeira vez que ocorria um curso de português. Para fazer a interface operacional com o professor à direção da empresa designou um de seus gerentes. Tudo ia bem quando na conversa final que antecedia à realização do curso o diretor contratante solicitou ao seu gerente que também participasse. Após o estado catatônico enfrentado pelo gerente, disse: “mas, diretor, é para mim fazer também”???
por
Ruy Leal - Superintendente Geral do Instituto Via de Acesso
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